Tuesday, August 3, 2010

Me falaram pra fazer um blog com meus looks..


Pra onde foram os sonhos e as saudades?
Sera que resta espaco pra eles no mundo de hoje?
Me sinto nadando contra corrente num momento em que o pensar eh quase visto como demode.
Numa sociedade em que o coletivo cool dita a moda, e a moda determina o que eh certo e errado fazer e vestir, me atrevo a pensar que o pensamento esta fora de moda.
As artes plasticas, a fotografia e a moda escalam ate as alturas em seus precos e influencia.
Exposicao e desfile eh pretexto de encontro, social, networking. Mas quem ainda vai na Flip, por exemplo? Sera que ha tanta gente da nova geracao interessada em comprar literatura tanto quanto em bem vestir-se ou possuir uma obra de arte?
Vejo a procura pela linguagem nao dita.
A tribo contemporanea se comunica na rua atraves de suas roupas e em casa, atraves de seus quadros.
Palavras? Pra que? Quem eh que quer ouvir?
Na arte contemporanea, um dos focos principais do artista eh tomar o espectador de assalto. Tira-lo de sua zona de conforto. E se puder chocar entao, eh sucesso na certa! Vide Adriana Varejao, por exemplo..
Outro dia, no intuito de escolher pecas para minha nova casa, fui conversar com uma amiga curadora e historiadora de arte. Disse a ela que nao gosto de nada assustador, macabro, estranho, obscuro ou triste. Quero ter em casa, algo que me inspire, que me deixe alegre, que me embale nos meus proprios sonhos e me faca sorrir. Que seja belo, romantico e ludico.
Ela fez uma longa pausa em expressao quase infantil de duvida e depois de uns minutos que mais pareceram uma eternidade, ela virou-se pra mim e disse: " Entao voce nao pode ter nada contemporaneo! Tem que procurar algo mais pra tras, mais antigo..Voce tem que procurar arte moderna!"
E se a arte imita a vida e a vida imita a arte, estamos todos perdidos!
Antes se falava-se que o problema da contemporaneidade era a falta de tempo. Por isso a dificuldade para o aprofundamento das relacoes, o pouco interesse no outro, etc.
Entretanto agora reconheco no subtitulo dessa retorica que hoje nos parece banal e ja por demais visitada, um triste retrato da realidade da nossa humanidade. Nao ha na realidade um interesse pra nada disso.
Romantismo, por exemplo, esta fora do tempo nao por que nao ha tempo para o romantismo. Ele simplizmente esta fora do tempo. Geracao fast relations, fast nation e fast food continua. Soh que agora eh fat free e sem constrangimentos.
Alem disso, eh engracado que ate pouco tempo chamavamos nossa epoca de pos modernidade. Prefiro no caso chama-la de pos mortalidade. Vejo um mundo que desafia as leis da natureza. Que se arrisca em quantas operacoes plasticas forem necessarias para manter-se jovem. Todos fazem dietas. Ninguem quer envelhecer por que poucos aceitam conviver com a ideia de nao ser mais jovem.
Nesses tempos, ser feliz eh ser jovem, ser jovem eh ser cool e ser cool eh pertencer. E quem quer ficar de fora?
Vejo um mundo que nao quer ouvir. Como um adolescente, que faz birra quando se depara com os limites de sua maturidade e da realidade. Nao aguenta limites e muito menos os processos. Quando engorda, faz lipo. Quando esta triste, compra, viaja, some. Tudo pra nao aprender. Pois se aprender, cresce.
Um desenho em uma obra de arte, nao grita, nao impoe limita. Ao contrario, permite que voce interprete como desejar.
Sociedade oniponente por que eh adolescente. Ninguem quer mais ser mae nem pai de ninguem! Todos querem seus direitos de adolescer. Juventude de vontade, de maturidade e de aparencia.
Adolescente, e por isso ser estranho/macabro/diferente eh hoje declarado em nome de uma rebeldia! Um nao a conformacao com a realidade.
Mas sera que isso nos torna afinal mais interessantes ou frutos de uma triste relacao com esse mundo onde nao nos cabe nem a desilusao?
Me olho de fora correndo ao lado de um trem que nao para de andar. Estou exausta e sem esperancas. Me sinto sozinha. Sera que consigo ascelerar meu ritmo e alcancar um lugar em um dos vagoes? Nao sei. Talvez eu seja grande demais pra caber nesse trem. Ou apegada demais. Ou sensivel demais..
Sei que quanto mais passa o tempo menor eh o caminho do sonho e maior o espaco pra saudade.
Ja sinto falta de muito.

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