Sunday, May 9, 2010

Meu encontro com o cheiro do ralo..


Acho muito rico o dialogo entre as pessoas de todas as partes e interesses, e acho especialmente interessante assistir a um dialogo feito entre os diferentes ramos das artes.. Outro dia conversei com um amigo ator, que mora ainda na casa da mae e que nunca havia tido curiosidade de conhecer o autor do quadro que ficava na porta de seu quarto. Por meros 27 aninhos..
Enfim, assisti outro dia " O Cheiro do Ralo" que eu por covardia deixei passar quando foi para o Festival de Cinema do Rio. Era o titulo que me deixava " nauseada", como diria nosso amigo Sartre..
Aluguei outro dia, vi ,apertei rewind e revi! 4 horas de sucesso, mergulho e encontro!!! Adorei!!! Amo o Selton Melo realmente e sempre.. mas a direcao do Heitor Dhalia e o roteiro do Marçal Aquino e Heitor Dhalia (baseado em livro de Lourenço Mutarelli) me surpreendeu muito positivamente.. Ha no filme, um desconforto e sentimento de solidao e exaustao sobre os proprios pensamentos que sao mostrados com uma liberdade e fluencia pouco antes vista em filmes brasileiros. Um filme ao mesmo tempo forte e sutil. Dificil de ver com os olhos da razao e da moral. Eh preciso um espectador livre de preconceitos pra conhecer e gostar dessa historia tao estranha e interessante.
E fazendo uma pontesinha com outro tipo de arte, fui a SP Arte em Sao Paulo recentemente.
Vi trabalhos interessantes como os do Nazareno, Rosana Ricalde, Felipe Barbosa, Nazareth Pacheco, Edgar de Souza, entre muitos outros.
Nas obras da Adriana Varejao, ela faz, entre outras coisas, um trabalho interessante sobre a ideia dos ladrilhos portugueses. Podemos imaginar que as tristezas e alegrias que vivemos numa casa fiquem de certa forma impregnados nas paredes das nossas casas.Os ladrilhos teriam feito ao longo da historia, o papel de esconder aquilo que teria se passado por detras deles ao longo dos anos.
De repente, como se uma forca contraria estivesse agindo como que precisando contar, dividir, desvelar, uma enorme lingua de carne ensaguentada salta de um de seus ladrinhos. Ela ao mesmo tempo colabora e denuncia as transpiracoes e aspiracoes humanas escondidas por tras das paredes . Nas saunas de Adriana, por exemplo, o corpo que transpira traz de volta a verdade que a ligua nao consegue mais calar.
Ela em sua obra e Marçal Aquino e Heitor Dhalia falam daquilo que mais desgostamos/tememos em nos mesmos e ao mesmo tempo dao todo sentido a nossa existencia. Aquilo que escondemos e que mais cedo ou mais tarde volta a nos assombrar. Nossos traumas? Fantasmas? Menos psicanalise e mais arte! Prefiro chamar do cheiro do nosso ralo..

No comments:

Post a Comment